Nos dias 04 e 05 de agosto próximo, os microempreendedores de bebidas e derivados de aves do estado podem aproveitar e participar da grande farra organizada pelo gabinete do Governador Paulo Câmara. Isso mesmo, estarão disponíveis para pregão eletrônico o processo licitatorio 022-2021 e o processo licitatorio 023 2021, para as compras do mês do nosso egocêntrico mandatário, com indicação de preços bem acima do valor de mercado, podendo chegar a R$180.000 mil reais no total, publicado no diario oficial 22 07.
Quem é pai de família sabe que no dia de fazer as compras do mês, pega-se um papel e caneta e dirige-se ao armário para fazer aquela tão sofrida listinha. Alinhados os itens, verifica-se o que tem no estoque e, podendo cortar o excesso, finaliza. Isso quando o dono da casa não é um assalariado, que além da conta alta de energia, da água a ser paga muitas vezes sem utilizar, do gás que está pela hora da morte e, claro, da internet que pobre não vive sem (preciso ser irônico nessa hora pra não ter um infarto ou AVC).
A justificativa para a compra dos produtos constantes na “listinha” do Palácio é tão somente para atender a sede oficial do Governo de Pernambuco, um local onde são exercidas atividades de representação próprias do Chefe do Executivo Estadual. O texto salienta que, como representante máximo do Estado, o governador recepciona diariamente expressiva quantidade de pessoas, entre elas autoridades políticas e diplomáticas, nacionais e internacionais, bem como desempenha diversas atribuições protocolares e de cerimonial. E como pra tudo hoje em dia se justifica com as leis, conclui na cara de muitos que não tem o pão de cada dia o que está disposto na Lei nº 15.452, de 15 de janeiro de 2015, a qual dispõe sobre a estrutura e o funcionamento do Poder Executivo Estadual. Sem falar que esses ilustres visitantes, que usufruem da mesa farta mantida por mim e você, assalariado que muitas vezes não tem o dinheiro do ônibus, são na maioria das vezes pessoas que contribuem com a bandalheira, corrupção e o descaso social.
Mas nem sempre o que é legal deixa de ser imoral. O fato da lei amparar a volumosa compra do governador, não significa que a licitação tenha que estimar os valores acima do nível da compreensão humana. A imoralidade exacerbada através dos dirigentes dos nossos recursos chega a ser desconfortante, nauseante. Esses mesmos “líderes”, que apontam suas armas invisíveis para nossas cabeças e retiram do nosso bolso não só o nosso dinheiro, mas a nossa dignidade.
Paulo Câmara esquece que quando intitulado pela lei como “representante máximo do Estado”, ele é a pessoa que tem a confiança do povo que o elegeu, a responsabilidade social com os mais necessitados, o exemplo aos demais administradores e legisladores…ele tem a chave do estado em suas mãos, confiada a ele tão somente como o concierge da nossa cidadela.
O mais patético, são as especificações técnicas e as recomendações acerca dos cuidados a serem tomados na hora da compra: água mineral da fonte com gás e tem que ser em garrafa de vidro, água tônica gaseificada com extrato vegetal aromático e quinino, refrigerante tem que ser diet e de nome. Todos os itens, com quantidades e valores estão nos anexos em vermelho.
Existem ainda algumas curiosidades neste volume a ser contratado, como por exemplo a compra de 9 mil ovos e o carro chefe, os frangos…toneladas de frango. Eu acredito que nem D. João VI comia tanto frango assim. E tem mais, tem que ser sem pele, sem manchas e sem parasitas, porque esses ficam a cargo do anfitrião convidar e que serão os que vão usufruir desta tão volumosa compra para suprir as necessidades da realeza. Afinal, estamos sim numa monarquia subliminar, onde somos os verdadeiros escravos desta senzala chamada Brasil.
Entramos em contato com a assessoria de comunicação do palácio através de e-mail e WhatsApp, mas até a conclusão deste artigo não recebemos resposta, o que configura ainda mais a falta de respeito com a sociedade, que tem o direito à informação e aos meios de comunicação que são ferramentas que possibilitam a comunicação entre os indivíduos, propiciando a difusão de informações.