Manifestantes realizaram, neste sábado (29), no Recife, um ato contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pedindo a aceleração de medidas de prevenção à Covid-19, como a campanha de vacinação e auxílio emergencial de, ao menos, R$ 600.
Durante o ato, a Polícia Militar atirou balas de borracha e gás lacrimogêneo contra os participantes (veja vídeo acima). A manifestação terminou por volta das 13h.
O protesto fez parte de uma ação nacional, realizada em diversas cidades do Brasil. Com faixas e cartazes contrários ao presidente, eles cantaram e gritaram palavras de ordem.
O grupo de pessoas se reuniu na Praça do Derby, no centro do Recife. Eles seguiram em caminhada para a Avenida Conde da Boa Vista, na mesma região. A via foi interditada nos dois sentidos.
Por volta das 11h30, a manifestação chegou à Ponte Duarte Coelho. No local, a Polícia Militar começou a dispersar os manifestantes.
Bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha foram atiradas contra os participantes do ato. Vídeos mostram as pessoas correndo após a chegada dos PMs e as bombas de gás sendo jogadas. A confusão ocorreu, também, na Rua da Aurora.
A vereadora do Recife Liana Cirne (PT), que participava do ato, divulgou nas redes sociais que foi atingida por spray de pimenta por policiais. Durante a confusão, uma mulher passou mal e recebeu atendimento em uma viatura da polícia.
As faixas carregadas pelos participantes do ato tinham frases como “estou na rua porque Bolsonaro recusou mais de 150 milhões de vacinas”, “fora Bolsonaro” e “fora Bolsonaro genocida”. Na caminhada, os manifestantes se organizaram em filas, para tentar respeitar um distanciamento social mínimo e prevenir o contágio pela Covid.
O ato foi organizado por centrais sindicais e movimentos sociais. Também houve, durante a concentração para a manifestação, distribuição de máscaras do tipo PFF2, nomenclatura brasileira que é equivalente à americana N95, cujo potencial de filtragem é maior que máscaras de pano.
Repúdio à ação da PM
A Câmara Municipal do Recife divulgou uma nota de repúdio à ação da Polícia Militar durante o protesto. “Uma das vítimas destes atos foi a vereadora Liana Cirne (PT), covardemente atingida nos olhos com spray de pimenta, quando tentava dialogar com policiais militares na Ponte Santa Isabel”, afirma a nota.
A Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB) também divulgou uma nota de repúdio à ação da polícia, e disse que “vem a público exigir uma apuração rigorosa por parte do governo do estado de Pernambuco e punição dos responsáveis pela atuação da Polícia Militar durante toda a manifestação ocorrida neste sábado”.
“Imagens reportam uma repressão absolutamente desproporcional por parte da PMPE, com uso de balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta, contra grupos que realizavam o ato na área central da cidade”, afirmou.
A OAB de Pernambuco também disse que “condena e repudia a covarde agressão sofrida pela advogada e vereadora do Recife Liane Cirne por parte de um policial militar até o momento ainda não identificado”.
A agressão foi filmada e, segundo a OAB, “as imagens demonstram que a atitude do policial não guarda amparo em qualquer regra ou protocolo sobre o uso legítimo da força. Muito pelo contrário. Tais imagens ressaltam uma agressão gratuita e covarde a uma mulher pública no exercício de um ato de cidadania, que não praticava qualquer atitude ao ponto de colocar em risco a integridade do militar”.
Por fim, a OAB de Pernambuco, por meio da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Defesa e Assistência às Prerrogativas Profissionais, “irá levar o caso aos órgãos competentes e estará à disposição para prestar assistência no caso”.
Por G1