O Governador Paulo Câmara abriu logo cedo as portas do Palácio para o mais novo bode expiatório da Polícia Militar de Pernambuco. Isso porque mesmo se tratando do mais alto escalão, alguém precisa ficar responsável pela sujeira produzida por quem não tem competência e fecha os olhos para o que há de mais importante, a vida e a dignidade das pessoas. Inclusive, precisa que alguém seja responsabilizado quando se expõe a verdadeira face de uma corporação despreparada e que evidencia sim um poder paralelo, do qual é negligenciado pelo governo, a despeito do que informou o secretário de Justiça, Pedro Eurico, que mesmo fazendo carreira da pasta nunca conseguiu acabar com o império que há dentro do sistema penitenciário.

Falo isso porque na linha hierárquica, o comandante da polícia militar está diretamente ligado ao Secretário de Defesa Social, que no caso em questão, saiu pela culatra sem dar explicações convincentes aos parlamentares que os interpelaram sobre o que realmente aconteceu naquele fatídico dia.
Para a Presidente do colegiado, Jô Cavalcanti, do coletivo Juntas (PSOL), ficaram faltando algumas respostas.
Já o Ministério Público de Pernambuco, que abriu um inquérito civil, informou que o Secretário Antônio de Pádua foi alertado para o protesto de sábado pela 7ª Promotoria de Justiça e Direitos Humanos, que solicitou que ele orientasse a Polícia Militar para “evitar eventuais excessos”.
O Presidente do Legislativo, Eriberto Medeiros (PP), afirmou que o Secretário disse que a ordem não teria partido dele, mas não disse quem determinou a repressão.
Ele participou de uma reunião na Comissão de Direitos Humanos, mas saiu sem falar com a imprensa. Para os parlamentares, faltou esclarecimentos de onde partiu a ordem para atirar nos manifestantes.
Ainda de acordo com Sua Excelência, o Governador, “A Polícia Militar vai continuar cumprindo o seu papel, protegendo o cidadão e atuando firmemente contra a criminalidade, mas, acima de tudo, respeitando as ações democráticas”. Falou ainda que “o Coronel José Roberto tem grande experiência e já atua há muitos anos na corporação. Ele sabe o que tem que ser feito para que Pernambuco possa avançar, fazendo com que a cultura da paz predomine no nosso Estado”.
No entanto, particularmente acredito que a única pessoa que não sabe o que realmente deveria ser feito é o Governador, que mantém forças policiais, como a Militar e a Civil, sem muita preparação, visto casos recentes da mais pura omissão do secretário atual, que não conseguiu solucionar o caso da menina Beatriz, assim como punir os envolvidos, sobretudo os de casa, que mantém o poderio de facções dentro e fora dos presídios, fecha os olhos para a falta de estrutura digna de trabalho para os Delegados, sem falar da corrupção sistêmica implantada dentro das corporações.
Mas a pergunta que fica no ar é a seguinte: se ainda não se descobriu quem foi o real mandante da “baderna” feita pelos praças, porque apenas um perdeu a cabeça?
O fato é que a pressão deve ter sido grande pra o outro lá jogar a cabeça na guilhotina!